É direito do consumidor saber a proveniência do que come, mas gostaria ele de exercer esse direito em relação à carne?
Dando Nome aos Bois: Animais, Consciência e o Problema do Consumo de Carne
Em um artigo intitulado “Nascidos para Morrer: Rótulos para Informar a História de Vida da Carne”. (New York Daily News, 4 de abril de 2013), o jornalista James Warren nos informa sobre a recente proposta da gestão do presidente Obama de fornecer um novo tipo de informação nos rótulos de alimento nos supermercados, especificamente nos produtos de carne. Agora querem permitir que os consumidores saibam onde o animal nasceu, foi criado e abatido. Seria informação demais?
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos argumenta que essa informação nos rótulos é um passo em direção à transparência, beneficiando os consumidores em muitos níveis. Segue a tradição de “as pessoas querem saber”, a mesma tradição que nos deu as informações hoje comuns de valores nutricionais, calóricos e de gordura nas embalagens, entre outras. Contudo, nem todos concordam que ser informado seja desejável, ao menos não em todos os casos – ao menos não nesse caso. Grupos preocupados (no México e no Canadá, por exemplo, que são os principais exportadores de carne bovina para os Estados Unidos) dizem que “os rótulos fariam mais mal do que bem”. Bill Watson, do instituo Cato, uma organização de pesquisas públicas e políticas, diz: “Os consumidores realmente querem a palavra ‘abatido’ na sua carne? Não. O argumento de informar o consumidor é pura mentira”. Contudo, a pergunta deveria ser: “Por quê? Por que os consumidores não quereriam tantos detalhes quanto possível nos rótulos de carne?”.
“Se isso for adiante”, escreve Warren, “as carnes nas prateleiras dos supermercados incluirão alguns detalhes pouco apetitosos, como onde o animal foi morto. Os rótulos de produtos de carne vendidos nos Estados Unidos poderiam em pouco tempo parecer uma minibiografia dos animais criados”.
Muitas pessoas preferem pensar em sua carne como um alimento atrativamente embalado, fingindo que nunca esteve vivo, nunca respirou, nunca foi sensível à ternura. Se essa nova lei entrar em vigor, o mundo estará um passo mais perto do desfazimento dessas ilusões. Afinal, se algo nasce, cresce e é morto, esse algo viveu uma vida. E se viveu, e agora está em nosso prato, foi abatido.
A pura verdade é esta: muitas pessoas não querem saber o que estão comendo.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos argumenta que essa informação nos rótulos é um passo em direção à transparência, beneficiando os consumidores em muitos níveis. Segue a tradição de “as pessoas querem saber”, a mesma tradição que nos deu as informações hoje comuns de valores nutricionais, calóricos e de gordura nas embalagens, entre outras. Contudo, nem todos concordam que ser informado seja desejável, ao menos não em todos os casos – ao menos não nesse caso. Grupos preocupados (no México e no Canadá, por exemplo, que são os principais exportadores de carne bovina para os Estados Unidos) dizem que “os rótulos fariam mais mal do que bem”. Bill Watson, do instituo Cato, uma organização de pesquisas públicas e políticas, diz: “Os consumidores realmente querem a palavra ‘abatido’ na sua carne? Não. O argumento de informar o consumidor é pura mentira”. Contudo, a pergunta deveria ser: “Por quê? Por que os consumidores não quereriam tantos detalhes quanto possível nos rótulos de carne?”.
“Se isso for adiante”, escreve Warren, “as carnes nas prateleiras dos supermercados incluirão alguns detalhes pouco apetitosos, como onde o animal foi morto. Os rótulos de produtos de carne vendidos nos Estados Unidos poderiam em pouco tempo parecer uma minibiografia dos animais criados”.
Muitas pessoas preferem pensar em sua carne como um alimento atrativamente embalado, fingindo que nunca esteve vivo, nunca respirou, nunca foi sensível à ternura. Se essa nova lei entrar em vigor, o mundo estará um passo mais perto do desfazimento dessas ilusões. Afinal, se algo nasce, cresce e é morto, esse algo viveu uma vida. E se viveu, e agora está em nosso prato, foi abatido.
A pura verdade é esta: muitas pessoas não querem saber o que estão comendo.
Animais em Sofrimento
Talvez este seja o ponto: talvez as pessoas que comem carne prefiram o mínimo de informação no rótulo de sua comida não apenas porque querem mentir para si mesmas pensando que animais são meramente comida, mas porque não acreditam que tais criaturas possam sentir prazer e dor.
Bernard Rollin, da Colorado State University, autor de vários livros sobre direitos dos animais e um dos responsáveis por duas leis federais norte-americanas regulamentando alívio de dor para os animais, escreve que “pesquisadores permaneceram incertos até a década de 1980 quanto a se os animais experienciavam dor, e vegetarianos formados nos Estados Unidos antes de 1989 eram ensinados a simplesmente ignorar a dor animal”. Rollin trabalhou diligentemente para provar que os animais são seres conscientes, oferecendo bases verificáveis cientificamente para apontar que sentem dor. Ele provou que a dor nos animais pode ser demonstrada por reações de aversão a estímulos negativos, exatamente como fazem os humanos, e que sentimentos positivos, ou de prazer, podem ser determinados da mesma forma.
John Webster, um professor universitário de criação de animais da Bristol University, nos Estados Unidos, concorda e, com grande sensibilidade, declara o seguinte: “As pessoas concluíram que a inteligência é associada à habilidade de sofrer e que, porque os animais têm cérebros menores, sofrem menos do que os humanos. Isso é uma lógica patética – os animais, como seres sencientes, têm a capacidade de experienciar prazeres e são motivados a buscá-los. Para compreender isso, basta observar como tanto as vacas quanto os cordeiros buscam e desfrutam de prazeres quando se deitam com a cabeça erguida sob a luz do Sol de um perfeito dia de verão – exatamente como fazem os humanos”.
Eles são como humanos de mais maneiras do que algumas pessoas gostariam de admitir. Quando Srila Prabhupada, fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, encontrou-se com Mike Robinson, da London Broadcasting Company, em 1976, discutiram sobre se os animais possuem ou não uma alma.
Mike Robinson: Como o senhor sabe que os animais têm alma?
Srila Prabhupada: Você também pode saber. Aqui está a prova científica: o animal come, você come; o animal dorme, você dorme; o animal faz sexo, você faz sexo; o animal se defende, você também se defende. Então, qual é a diferença entre você e o animal? Como você pode dizer que tem uma alma e que o animal não tem?
Mike Robinson: Posso compreender isso perfeitamente, mas as escrituras cristãs dizem…
Srila Prabhupada: Não traga escrituras para a discussão; este é um tópico de bom senso. Tente compreender. O animal come, você come; o animal dorme, você dorme; o animal se defende, você se defende; o animal faz sexo, você faz sexo; os animais têm filhos, você tem filhos; eles têm um lugar para viver, você tem um lugar para viver. Quando o corpo do animal se fere, sai sangue; quando seu corpo se fere, sai sangue. Assim, encontramos todas essas semelhanças. Agora, por que você só nega semelhança para a presença da alma? Isso não é lógico. Você já estudou lógica? Em lógica, há uma coisa chamada analogia. Analogia significa tirar uma conclusão a partir da descoberta de muitos pontos em comum. Se há tantos pontos em comum entre os seres humanos e os animais, por que negar outra semelhança? Isso não é lógica. Isso não é ciência.
Bernard Rollin, da Colorado State University, autor de vários livros sobre direitos dos animais e um dos responsáveis por duas leis federais norte-americanas regulamentando alívio de dor para os animais, escreve que “pesquisadores permaneceram incertos até a década de 1980 quanto a se os animais experienciavam dor, e vegetarianos formados nos Estados Unidos antes de 1989 eram ensinados a simplesmente ignorar a dor animal”. Rollin trabalhou diligentemente para provar que os animais são seres conscientes, oferecendo bases verificáveis cientificamente para apontar que sentem dor. Ele provou que a dor nos animais pode ser demonstrada por reações de aversão a estímulos negativos, exatamente como fazem os humanos, e que sentimentos positivos, ou de prazer, podem ser determinados da mesma forma.
John Webster, um professor universitário de criação de animais da Bristol University, nos Estados Unidos, concorda e, com grande sensibilidade, declara o seguinte: “As pessoas concluíram que a inteligência é associada à habilidade de sofrer e que, porque os animais têm cérebros menores, sofrem menos do que os humanos. Isso é uma lógica patética – os animais, como seres sencientes, têm a capacidade de experienciar prazeres e são motivados a buscá-los. Para compreender isso, basta observar como tanto as vacas quanto os cordeiros buscam e desfrutam de prazeres quando se deitam com a cabeça erguida sob a luz do Sol de um perfeito dia de verão – exatamente como fazem os humanos”.
Eles são como humanos de mais maneiras do que algumas pessoas gostariam de admitir. Quando Srila Prabhupada, fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, encontrou-se com Mike Robinson, da London Broadcasting Company, em 1976, discutiram sobre se os animais possuem ou não uma alma.
Mike Robinson: Como o senhor sabe que os animais têm alma?
Srila Prabhupada: Você também pode saber. Aqui está a prova científica: o animal come, você come; o animal dorme, você dorme; o animal faz sexo, você faz sexo; o animal se defende, você também se defende. Então, qual é a diferença entre você e o animal? Como você pode dizer que tem uma alma e que o animal não tem?
Mike Robinson: Posso compreender isso perfeitamente, mas as escrituras cristãs dizem…
Srila Prabhupada: Não traga escrituras para a discussão; este é um tópico de bom senso. Tente compreender. O animal come, você come; o animal dorme, você dorme; o animal se defende, você se defende; o animal faz sexo, você faz sexo; os animais têm filhos, você tem filhos; eles têm um lugar para viver, você tem um lugar para viver. Quando o corpo do animal se fere, sai sangue; quando seu corpo se fere, sai sangue. Assim, encontramos todas essas semelhanças. Agora, por que você só nega semelhança para a presença da alma? Isso não é lógico. Você já estudou lógica? Em lógica, há uma coisa chamada analogia. Analogia significa tirar uma conclusão a partir da descoberta de muitos pontos em comum. Se há tantos pontos em comum entre os seres humanos e os animais, por que negar outra semelhança? Isso não é lógica. Isso não é ciência.
Karma Ruim
Poucas pessoas sabem disto, mas o papa João Paulo II confirmou que, de acordo com os ensinamentos do cristianismo, os animais possuem, sim, almas. Em 1990, ele disse que todas as criaturas receberam de Deus o “sopro da vida”, tal qual os seres humanos. (Videhttp://www.dreamshore.net/rococo/pope.html) Contudo, muitos cristãos ainda questionam isso. Srila Prabhupada julgava que a conexão entre os humanos e os animais era certa, e que aqueles que apoiam a matança de criaturas de alguma forma estão, na prática, cometendo suicídio. Em coerência, ele apresentou a doutrina do karma, que declara que toda ação tem uma reação proporcional, e explicou as severas reações que aguardam quem mata animais:
Aqueles que matam animais e causam a eles dor desnecessária – como o fazem as pessoas que trabalham em matadouros – serão, de maneira semelhante, mortos na próxima vida e em muitas vidas pela frente. Ninguém jamais pode ser perdoado por tal ofensa. Aquele que, por profissão, mata milhares e milhares de animais apenas para que outras pessoas possam adquirir a carne para comer deve estar preparado para ser morto de maneira semelhante em sua próxima vida, e vida após vida. Há muitos tolos que transgridem seus próprios princípios religiosos. As escrituras judaico-cristãs dizem claramente: “Não matarás”. Não obstante, dando todos os tipos de desculpas, mesmo os líderes das religiões entregam-se à matança de animais enquanto procuram passar por pessoas santas. Essas farsa e hipocrisia na sociedade humana acarretam calamidades ilimitadas; por isso, de quando em quando, deflagram-se guerras colossais. A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna recomenda que todos abandonem o consumo de carne, o sexo ilícito, a intoxicação e os jogos de azar. Quem abandona essas atividades pecaminosas pode compreender Krishna e aderir a este Movimento para a Consciência de Krishna. Portanto, pedimos a todos que abandonem as atividades pecaminosas e cantem o mantra Hare Krishna. Dessa maneira, as pessoas poderão salvar-se dos repetidos nascimentos e mortes. (Chaitanya-charitamrita, Madhya-lila 24.251, significado)
Contudo, há uma batalha em andamento contra colocar uma minibiografia nos rótulos de carne. Warren reporta que “não há nenhuma evidência de que os consumidores queiram tais detalhes ou que algum suposto benefício compensaria o que os grupos do ramo dizem que resultará em um aumento no preço da carne”. O Food Marketing Institute, que representa as maiores cadeias de varejistas bem como pequenas mercearias, concorda, reportando que a minibiografia nos rótulos alimentares custaria milhões de dólares, o que ampliaria o preço da carne.
Magnatas do ramo estão preocupados que o preço ampliado cause a redução do consumo de carne nos lares comuns, que os consumidores parem de comer carne ou ao menos deixem de dar ênfase à mesma em sua dieta. Considerando as terríveis consequências cármicas de se mastigar restos do que um dia foi vivo, isso seria algo bom. Se os preços mais altos dissuadem as pessoas de comprar o corpo de criaturas, um aumento nos preços seria uma bênção disfarçada.
Satyaraja Dava
Aqueles que matam animais e causam a eles dor desnecessária – como o fazem as pessoas que trabalham em matadouros – serão, de maneira semelhante, mortos na próxima vida e em muitas vidas pela frente. Ninguém jamais pode ser perdoado por tal ofensa. Aquele que, por profissão, mata milhares e milhares de animais apenas para que outras pessoas possam adquirir a carne para comer deve estar preparado para ser morto de maneira semelhante em sua próxima vida, e vida após vida. Há muitos tolos que transgridem seus próprios princípios religiosos. As escrituras judaico-cristãs dizem claramente: “Não matarás”. Não obstante, dando todos os tipos de desculpas, mesmo os líderes das religiões entregam-se à matança de animais enquanto procuram passar por pessoas santas. Essas farsa e hipocrisia na sociedade humana acarretam calamidades ilimitadas; por isso, de quando em quando, deflagram-se guerras colossais. A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna recomenda que todos abandonem o consumo de carne, o sexo ilícito, a intoxicação e os jogos de azar. Quem abandona essas atividades pecaminosas pode compreender Krishna e aderir a este Movimento para a Consciência de Krishna. Portanto, pedimos a todos que abandonem as atividades pecaminosas e cantem o mantra Hare Krishna. Dessa maneira, as pessoas poderão salvar-se dos repetidos nascimentos e mortes. (Chaitanya-charitamrita, Madhya-lila 24.251, significado)
Contudo, há uma batalha em andamento contra colocar uma minibiografia nos rótulos de carne. Warren reporta que “não há nenhuma evidência de que os consumidores queiram tais detalhes ou que algum suposto benefício compensaria o que os grupos do ramo dizem que resultará em um aumento no preço da carne”. O Food Marketing Institute, que representa as maiores cadeias de varejistas bem como pequenas mercearias, concorda, reportando que a minibiografia nos rótulos alimentares custaria milhões de dólares, o que ampliaria o preço da carne.
Magnatas do ramo estão preocupados que o preço ampliado cause a redução do consumo de carne nos lares comuns, que os consumidores parem de comer carne ou ao menos deixem de dar ênfase à mesma em sua dieta. Considerando as terríveis consequências cármicas de se mastigar restos do que um dia foi vivo, isso seria algo bom. Se os preços mais altos dissuadem as pessoas de comprar o corpo de criaturas, um aumento nos preços seria uma bênção disfarçada.
Satyaraja Dava
http://aumagic.blogspot.com.br/2014/09/dando-nome-aos-bois-animaisconsciencia.html
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