Luta contra a luxúria > Os primeiros cristãos passavam o tempo todo preocupados em reprimir seus impulsos biológicos. Como, por mais esforço que fizessem, os impulsos retornavam sempre, eles colocaram a responsabilidade de visões e tentações sexuais no demônio. Quando os sonhos sexuais vinham durante o sono, transformavam as noites em algo muito difícil de suportar. Freiras e outras mulheres cristãs muitas vezes protestavam raivosamente, dizendo que o íncubo, um anjo caído, as visitara e as obrigara a cometer atos indecentes.
Acreditavam que o demônio não cessava sua perseguição aos humanos até o último minuto de vida. Um homem, que tinha se afastado da esposa durante quarenta anos a fim de levar uma vida celibatária, estava muito doente. A esposa foi cuidar dele, dormindo na cama ao lado. Na dúvida se o marido estava morto, inclinou-se sobre ele para verificar se ele ainda respirava. O doente reuniu todas as suas forças e murmurou: “Afaste-se de mim, mulher. Ainda resta um pouco de fogo, fora daqui com a palha.”
Outra história ilustra bem a luta contra o desejo sexual por meio de atos desesperados. Uma prostituta foi contratada para seduzir um solitário asceta, morador do deserto, entrando na cela dele no fim da tarde. Ela entrou chorando e gritando que estava perdida e que tinha muito medo de animais selvagens. O monge a acolheu, sentindo-se logo tomado por um profundo desejo por ela.
Percebendo a gravidade da situação, ele acendeu uma vela e manteve um dedo no fogo. E quando o fogo o queimou, ele nada sentiu, devido ao fogo da luxúria que havia dentro dele. Aquilo o conservou muito ocupado; pela manhã, no dia seguinte, todos os seus dedos haviam sido queimados, mas ele estava ainda puro.
Trecho de O Livro do Amor, de Regina Navarro Lins. Lançamento: 2012.
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