Cantareira ficará sem reserva de água já no 2º semestre, mostra relatório.
Um estudo do Gtag (Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão) do Sistema Cantareira divulgado na última terça-feira (1) antecipou que, em razões das baixas precipitações registradas neste ano, o sistema deve entrar em colapso --o que significa ficar sem reserva de água--, no segundo semestre de 2014.
No melhor dos cenários, a água acaba em setembro e, no pior, em julho. No intermediário, o fim das reservas ocorre em agosto.
Na última previsão, feita em fevereiro e que contava com precipitações maiores em março, a previsão era, no melhor dos cenários, que a água não acabasse e os reservatórios chegassem a dezembro com 21%. No pior, a água acabaria no fim de agosto e, no intermediário, os reservatórios chegariam a dezembro com 5%.
O grupo se baseou na média histórica de precipitações. Como melhor cenário, foi levado em conta a média de chuvas do pior ano da série (1958) de abril a outubro. O cenário intermediário considerou as médias mínimas de chuvas para cada mês, de abril a outubro, registradas entre 1930 e 2013 e, no pior cenário, foram consideradas chuvas de 70% das médias mínimas para cada mês, registradas entre 1930 e 2013.
De acordo com o documento, o balanço mensal entre as vazões afluentes e as retiradas está deficitário em 10 metros por segundo, o que corresponde a 26,8 milhões de m³/mês. Esse montante recomenda mais de três vezes a água retirada para o abastecimento de toda a região de Campinas.
Hoje, o índice que mede o volume de água armazenado na s represas recuou 0,1 ponto porcentual, atingindo a marca mínima histórica de 13,3%, segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
As águas do manancial são responsáveis pelo abastecimento de 14 milhões de pessoas, sendo 9 milhões na Grande São Paulo e 5 milhões na região de Campinas.
O relatório do Gtag é assinado por representantes do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), pela ANA (Agência Nacional de Águas), pelos comitês das Bacias PCJ, que envolve os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e Alto Tietê, além da Sabesp, que abastece a capital paulista.
Após o colapso do Cantareira, o abastecimento terá que ser feito através da utilização do volume morto, águas que ficam abaixo do nível de captação atual e que terão que ser bombeadas através de um sistema que custará R$ 80 milhões. A Sabesp espera que as obras sejam finalizadas até o fim de junho.
De acordo com previsões meteorológicas, há poucas chuvas previstas para os próximos dois meses, o que pode agravar ainda mais a situação do Cantareira. Nos próximos 15 dias, por exemplo, a previsão é de chuvas de 30 milímetros, quantidade que não é suficiente para elevar o nível dos reservatórios.
Volume morto é a única opção
Apesar do cenário, o governado de São Paulo, Geraldo Akckmin (PSDB), declarou reiteradas vezes que o Estado não ira adotar o racionamento. Para isso, o governador já afirmou que a alternativa é a captação do chamado volume morto.
A expectativa é que as obras sejam concluídas até o fim do semestre e que a água a ser retirada seja suficiente para manter o abastecimento da Grande São Paulo por pelo menos quatro meses, justamente os de mais seca.
Em outra frente, as autoridades também anunciaram a ampliação dos descontos para quem consumir menos água. A medida, anunciada na semana passada, prevê desconto de 30% para quem reduzir o consumo de água em ao menos 20%. A ação deve causar perda de receita de R$ 800 milhões para a Sabesp.
A medida, no entanto, possui críticos severos, como o Ministério Público de São Paulo, que entende que o racionamento é a melhor opção. O promotor Rodrigo Garcia afirma, inclusive, que a retirada provocará danos severos ao ecossistema e que não resolverá problema.
"O Sistema Cantareira certamente não irá se recuperar. O volume de chuvas não será capaz de repor esse volume morto. Não se pode ter a ilusão que a Região Metropolitana de São Paulo está imune ao racionamento", disse.
O Consórcio PCJ, que reúne cidades, empresas e entidades da região cortada pelos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari, é outra instituição a defender o racionamento. Entre as metas propostas pela entidade está a redução gradual do consumo em 50% para a Região Metropolitana de São Paulo de forma a possibilitar a recuperação do manancial.
"É necessário fazer o racionamento, que deveria começar imediatamente. Só assim poderemos manter a capitação do Cantareira até o período de chuvas de agosto e setembro", avalia Francisco Carlos Castro Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ.
Outra alternativa que pode impedir a utilização do volume morto e a transposição da água da bacia do rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, anunciada recentemente por Alckmin e que teria custo de R$ 500 milhões.
O sistema, que demandaria a construção de tuneis de 15 quilômetros, será alvo de análise pelo Ministério Público Estadual e foi criticado por instituições do setor.
Sistema Cantareira se espalha por SP e MG
O Sistema Cantareira é um conjunto de seis represas (Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atiabainha, Águas Claras e Paiva Castro) e sua área total tem aproximadamente 227.950 hectares, abrangendo 12 municípios, sendo quatro deles no estado de Minas Gerais (Camanducaia, Extrema, Itapeva e Sapucaí-Mirim) e oito em São Paulo (Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem).
Às cidades das bacias PCJ são destinados 3 metros cúbicos por segundo de vazão primária e 2 metros cúbicos por segundo de vazão secundária, totalizando 5 metros cúbicos por segundo.
O primeiro valor, por conta da seca, é o que está sendo utilizado. Já para a Grande São Paulo são enviadas 24,8m metros cúbicos por segundo de vazão primária e 6,2 metros cúbicos por segundo de vazão secundária. O primeiro valor é o que atualmente tem sido retirado.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/
VIA: Fórum Anti Nova Ordem Mundial
http://midiaglobalista.blogspot.com.br/
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