Onde está a verdade?
Tudo carrega um pouco dela, tudo, mas nada é a verdade, inclusive nós, portadores da verdade em meio a própria contradição do ser, não somos a verdade, mas ela está em nós, existimos nela, somos parte dela.
Não se encaixota a verdade, não se apreende o que é. Por isso olho sempre com desconfiança quando me deparo com sistemas, métodos, passos que nos garantam acesso a ela. Desconfio de todo o grupo que diz “nós temos a verdade, ela pertence a nós e todos os que estão fora das nossas rodas estão condenados”.
Nossas mentes ruidosas facilmente projetam o que não se pode projetar em um objeto, uma pessoa, uma religião, uma filosofia, no que quer que seja, porque assim fica mais fácil tomar posse, controlar, dizer “é meu”.
Então nosso ego se sacia, se sente importante, vira referência diante dos pobres coitados que não conhecem a verdade como eu conheço. Esse, sem saber, está longe dela.
A verdade se expressa de várias maneiras, por muitas linguagens, não se prende a um código, uma cartilha, um manual, uma corrente. Quem se prende a qualquer uma dessas coisas achando que está fixado na verdade ainda não aprendeu que a verdade não é fixa, ela se movimenta, se expande, caminha sempre.
Todos podemos experimentar fragmentos da verdade, uns mais outros menos, todos podemos nos expor a ela, uns mais, outros menos, e o que define esse mais e menos está longe de ser minha capacidade ou possíveis “méritos” como potencial portador da verdade, mas, sobretudo, minha capacidade em perceber o simples, olhar o cotidiano, experimentar no hoje, no agora, a verdade que irradia de tudo, até da contradição, até da dor, até do que chamo de mentira, até mesmo de mim. Quem tem olhos para ver?
(F. Siqueira)
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