Em entrevista ao programa Globo News Bastidores, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, principal executivo da Rede Globo à época da campanha presidencial de 1989, disse ao jornalista Geneton Moraes Neto, que ajudou Collor contra Lula no segundo debate daquela eleição. A revelação de Boni irritou o ex-presidente e surpreendeu o atual diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, que rebateram as declarações.Abaixo, o momento em que é revelado a manipulação do debate em benefício de Collor de Mello.
Geneton Moraes Neto - Você, como grande nome da TV, chegou a ser procurado por algum candidato na primeira eleição direta para presidente depois do fim do regime militar? Que conselho objetivo você deu?
Boni - Nós fomos procurados pela assessoria do Collor. O Miguel Pires Gonçalves (superintendente executivo da Globo) é que pediu que eu desse alguns palpites. E eu achei que a briga do Collor com Lula nos debates estava desigual, porque Lula era o povo e o Collor era a autoridade. Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma glicerinazinha e colocamos as pastas todas que estavam ali, com supostas deníncias contra o Lula. Mas as pastas estavam inteiramente vazias ou com papeis em branco. Foi uma maneira de melhorar a postura do Collor junto ao espectador, para ficar em pé de igualdade com a popularidade do Lula. O suor de Collor no debate, então, foi produzido? Todo aquele debate foi. Não o conteúdo. O conteúdo era do Collor mesmo. Mas a parte, vamos dizer assim, formal nós é que fizemos. Eu me lembrei do Jânio (Quadros). Só não botei uma caspinha no Collor porque ele
não aceitou.
A entrevista faz parte da série Dossiê Globo News, comandada pelo jornalista Geneton Moraes Neto, da Globo News.
A reação de Collor, por e-mail:
"Nunca pedi a ninguém para falar com o Boni. Meu contato era direto com o dr. Roberto (Marinho). Portanto, não houve assessor nem intermediário para falar com ele. Mentira. Nunca tirei a gravata nos debates. Mentira. Suor durante os debates - Nem natural nem aspergido pelo Boni. Glicerina -- Mais uma viajada na maionese. Mentira. Debate produzido -- Um foi na Manchete e o segundo foi na Band. Mentira. Pastas vazias -- Ao contrário, cheias de papeis, gráficos, números da economia, que sequer utilizei. Mentira. Resumo, o Boni despirocou".
Alguns trechos da reação de Ali Kamel:
"A afirmação de Boni só pode surpreender a quem não acompanha de perto a história da Globo. No livro Notícias do Planalto (1999), de Mario Sergio Conti, há referências minuciosas ao episódio. De lá para cá, Boni voltou ao tema algumas vezes, a ultima delas, creio, em entrevista à revista Imprensa, de 01/09/2010, quando disse -- Houve o debate no qual eu, de certa maneira, participei. O Miguel Pires Gonçalves e a Zélia Cardoso de Mello pediram para que eu desse uma mão para o Collor. E eu dei umas dicas a ele, como se vestir mal para não ficar engomadinho, dicas em relação às pastas de informações que tinham que conter nos debates. Foi, portanto, uma iniciativa do Boni, como cidadão, mesmo que como o consentimento de Roberto Marinho. Com segurança, que, se o episódio era factível no contexto histórico da época, hoje ele seria de todo impossível". (A íntegra da resposta de Kamel, foi publicado por Nelson de Sá na Folha de São Paulo).
Por isso que o voto é obrigatório no Brasil, alienados sendo obrigado a votar, é presa fácil para a manipulação.
Voto Obrigatório Não!
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