O lago russo Karachay foi utilizado na década de 1950 como um local de despejo de resíduos radioativos. Hoje, é o local mais poluído do planeta, com radioatividade suficiente para matar uma pessoa em menos de uma hora. Naquela época, a área foi submetida a mais de 200.000 vezes a quantidade normal de radioatividade devido as más práticas de eliminação de resíduos.
No sul dos Montes Urais, na Rússia, encontra-se um corpo de água bonito e pitoresco chamado Lago Karachay. Mas não chegue muito próximo – ele é um assassino silencioso, e tem constantemente emitido doses letais de radiação nos últimos 60 anos. Em meados dos anos 1940, a União Soviética construiu uma cidade secreta na região chamada Chelyabinsk-40. O propósito: fabricar armas nucleares a partir do urânio-238 extraído das colinas circundantes. Em 1948, o primeiro reator estava funcionando, e Chelyabinsk-40 (também conhecida como Chelyabinsk-65) estava operando a pleno vapor, convertendo urânio em plutônio.
Mas havia um problema: quando eles construíram as instalações, todo o planejamento e recursos foram focados em criar o plutônio, mas não se livrar dos resíduos. Então, eles passaram a despejá-los no rio mais próximo. Especificamente, o rio Techa, que fornecia água para cerca de 39 cidades e aldeias próximas.
Após três anos envenenando inconscientemente a sua própria população, a União Soviética enviou pesquisadores para certificar-se de que os resíduos não estavam fora do normal. Aí veio a surpresa: outras áreas não emitiam mais do que 0,21 Röntgens (uma medida para a radiação) a cada ano. O rio Techa estava emitindo 5 Röntgens a cada hora.
Então eles represaram o rio, construindo barragens e evacuando as dezenas de milhares de moradores. Como isso não resolveu o problema, a URSS então encontrou um novo lugar para despejar seu coquetel de resíduos nucleares: o Lago Karachay. Em um algum momento entre 30 e 40 anos mais tarde (a União Soviética nem sequer reconheceu sua existência antes de 1990), o Lago Karachay foi o principal reservatório de resíduos da usina Chelyabinsk. O raciocínio era que o Lago Karachay não alimentava nenhum rio, de modo que não havia nenhuma maneira pelo qual os resíduos radioativos pudessem escapar.
No entanto, mais tarde, testes revelaram que as águas do lago estavam “vazando” pelo subsolo do pântano Asanov.
Para piorar a situação, a seca de 1967 evaporou uma grande parte da água do lago, deixando expostos os resíduos radiativos. Quando os ventos vieram, uma nuvem de poeira radioativa se formou no ar e englobou 2,3 mil quilômetros quadrados, contaminando meio milhão de pessoas. Casos de leucemia na área subiram em 41% em apenas alguns anos.
Neste momento, o Lago Karachay emite 600 Röntgens por hora, e isso é radiação suficiente para matar uma pessoa em menos de uma hora. Mas o desastre pode não acabar aí: toda a área é tão instável que se uma única barragem do rio Techa quebrar, toda a sua radiação pode vazar através do pântano Asanov, percorrendo o rio Ob e caindo no Mar Ártico, onde as correntes espalhariam a radiação pelo Oceano Atlântico. [Knowledgenuts]
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