Manaus enfrenta falta de oxigênio para pacientes de covid-19. Cidadãos se revoltam ao ver familiares morrendo asfixiados. Em dezembro, apelos de cientistas por lockdown foram ignorados, mas bolsonaristas “comemoraram”. O esgotamento do sistema de saúde do estado também levou uma operação especial para transferir pacientes. Sete estados brasileiros devem receber voos com doentes do Amazonas: Goiás, Distrito Federal, Piauí, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte. Uma das vozes que se levanta em defesa da vida em Manaus é do epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas (Fiocruz) Jesem Orellana. “Está claro que incompetência, irresponsabilidade e impunidade caminham de mãos dadas durante a desastrosa gestão da epidemia de covid-19 no estado do Amazonas”, resume. Manaus enfrenta o colapso pela segunda vez; a primeira entre abril e maio. Jesem sempre deixou clara a falta de gestão da covid-19 no estado e em todo o Brasil e chegou a ser perseguido por isso. “No dia 11 de dezembro de 2020, no Alerta Epidemiológico 11, quando recomendei lockdown em Manaus pela quarta vez em menos de 90 dias, deixei claro que se as autoridades sanitárias não fossem contundentes no freio da galopante taxa de contágio do novo coronavírus, elas seriam responsáveis diretas por transformar o mês de janeiro de 2021 no mês das lamentações e do luto”, disse.
A empresa multinacional White Martins atua na fabricação de gases medicinais e realiza parte substancial do produto para a capital amazonense. Em comunicado enviado à TV Cultura, a White Martins pediu “solicitação formal de apoio logístico” ao Ministério da Saúde. A White Martins alega ter atingido o “limite máximo” da capacidade de produção da planta na capital amazonense, além de ter aumentado a estocagem do produto em forma líquida. Ainda assim, a multinacional diz que os esforços não são suficientes para suprir a demanda atual, “crescente e jamais vista” na região.
Quem ofereceu ajuda? Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. O fiasco ficou ainda maior com o governo anunciando que traria vacinas da Índia. A Índia não começou seu programa de imunização contra a Covid-19 e, por isso, considera muito cedo para se comprometer em exportar doses do imunizante, inclusive para o Brasil, diz o Hindustan Times, jornal do país. Enquanto isso, o Brasil tem um avião pronto para decolar com a missão de buscar 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca produzidas no país. Fontes do jornal afirmam que a decisão de exportar doses de imunizante para outros países deve demorar mais tempo. A informação é corroborada pela fala, durante esta semana, do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava. Questionada sobre exportação de vacinas, ele afirmou que o programa de imunização do país seria lançado no sábado e, portanto, ainda era muito cedo para discutir a entrega a outras nações. Em meio a esse caos, o presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão.
Segundo fontes do Planalto, não há comunicado oficial da demissão porque o ministro busca reverter o pedido. O pedido de demissão foi motivado pelo anúncio de fechamento de cerca de 200 agências e do plano de reestruturação que prevê um programa de demissão voluntária com o objetivo cortar 5 mil vagas. Bolsonaro não concordou com as medidas.
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