30 de nov. de 2017

Como são os paraísos das outras religiões?


ISLAMISMO: Não acredita em pecado original, como fazem o judaísmo e o cristianismo, e por isso considera que o paraíso, ou Jannah, é o destino de todas as crianças. Para os adultos que conquistam o mesmo direito, esse é um lugar de jardins vastos, com rios de leite e de mel, onde todos os desejos são concedidos. Vestidas com os tecidos mais caros e confortáveis e usando joias do tamanho de frutas, as pessoas participam de jantares em palácios de ouro, com vinhos que não provocam bebedeira nem ressaca. Para cada escolhido, dependendo da tradução, são oferecidos pelo menos 80 mil escravos e 72 companheiras virgens.

CANDOMBLÉ: Para a religião brasileira de origem africana, em especial da região onde hoje fica a Nigéria, o Universo teve início no orum, o espaço infinito e sem forma, governado por Olorum, o deus que criou todas as coisas. É ali que os orixás passam a maior parte do tempo – isso quando não estão no aiê, o mundo físico que conhecemos, interagindo com os seres humanos e cuidando do funcionamento da natureza. As pessoas que morrem podem seguir para o orum, caso tenham cumprido seu destino em vida, e ali se tornam ancestrais divinizados, que convivem com os outros deuses e antigos reis e guerreiros.

HINDUÍSMO: Antes de encarnar novamente, a alma das pessoas corretas segue para um dos sete svarga, ou mundos celestiais, localizados acima do Monte Meru, um local mitológico que tem cinco cumes. Quanto mais elevado o espírito, mais alto o mundo para onde ele segue, até ter o direito de se tornar vizinho de Vishnu, o deus responsável pela manutenção do Universo, cuja residência é guardada por Airavata. Quem consegue chegar até ali já está muito perto do moksha, o estado de libertação total do ego. A maior parte das almas fica no segundo nível, chamado Swarga Loka, um ambiente de prazeres intensos.

SIKHISMO: De acordo com essa crença surgida na Índia do século 16, o ciclo de nascimento e renascimento em busca da união plena ao Criador é o principal objetivo de cada existência. O céu é acima de tudo uma condição mental, que a alma experimenta enquanto medita e se aproxima dos mistérios do Universo. A pessoa pode até mesmo se sentir em um lugar muito claro e confortável, de prazeres intensos. Mas não é isso que importa, nem mesmo a preocupação com as encarnações próximas ou anteriores. O momento presente é que interessa, porque é quando o fiel pode abandonar as dores que caracterizam a vida neste plano.

BUDISMO: Existem dezenas de diferentes paraísos, mas todos fazem parte da mesma realidade ilusória, chamada samsara. As almas que acumulam bom carma seguem para diferentes locais, de acordo com sua função em vida: guerreiros dedicados seguem para um lugar diferente, por exemplo, de um comediante que cumpriu a tarefa de alegrar as audiências. Um desses espaços, chamado Trayastrimsa, é ocupado por deuses, que fazem companhia a pessoas avançadas – um dia vivendo ali é o equivalente a 100 anos do nosso plano. Os monges podem ajudar, rezando pela alma de quem acabou de morrer. Mas o objetivo dos budistas não é chegar a esses lugares, que são provisórios. O importante é não focar nos prazeres temporários, e sim na busca pelo nirvana, o estado de iluminação que está muito além de qualquer tipo de céu.

CRISTIANISMO: O paraíso católico consiste em um céu sobre as nuvens, que serve de moradia para Deus, Jesus, o Espírito Santo, os anjos, os santos, os homens do clero que cumpriram sua missão, os antigos profetas e as pessoas que foram batizadas e aceitaram os ensinamentos – os critérios para quem pode ou não entrar entre as pessoas comuns ainda hoje são motivo de discussões.

CONFUCIONISMO: Descrita na China a partir do século 12 a.C., durante a dinastia Zhou, e incorporada à religião a partir do século 6 a.C., Tian é a terra onde ficam as casas dos ancestrais mais nobres e dos antigos guerreiros e imperadores. Trata-se de um lugar com personalidade própria, que acompanha a vida dos humanos e os abençoa ou se irrita com eles – é um território, mas também um dos deuses mais poderosos.

XINTOÍSMO: A religião mais praticada do Japão, surgida no século 7 e com 120 milhões de seguidores no mundo, prevê a existência do Takama-ga-hara, um espaço ligado ao mundo terreno por uma ponte que flutua sozinha, chamada Ama-no-uki-hashi e que só pode ser atravessada pelas pessoas que conquistaram o direito de conviver com os seres celestiais, os amatsukami, em especial Amaterasu, a deusa que cuida do Sol.

JUDAÍSMO: Localizado acima da Terra, o shamayim é um domo onde vivem Javé, os anjos das mais variadas categorias (a hierarquia você conhece na página 25) e todas as pessoas que viveram uma vida justa e mereceram o céu. Uma vasta tradição judaica organiza esse mundo em sete diferentes territórios, cada um governado por um arcanjo diferente – mais próximo da Terra, por exemplo, seria Araphel, espaço liderado pelo arcanjo Gabriel, onde ainda hoje viveriam Adão e Eva. A versão celestial de Jerusalém estaria em Ma’on, o quarto céu, do arcanjo Miguel. No sétimo, gerenciado pelo arcanjo Cassiel, ficaria o palácio de Deus. A literatura antiga dessa fé admite outras versões: no Segundo Livro de Enoch, uma obra apócrifa, existem dez céus diferentes, e não sete, e o inferno fica em um deles, o terceiro.

ESPIRITISMO: Para os seguidores da doutrina estabelecida pelo professor francês Allan Kardec, não existe um céu definitivo. Mas a alma reencarna sucessivas vezes, em busca da evolução espiritual. À medida que vai melhorando em termos de autocontrole e caridade para com o próximo, ela segue para diferentes planetas, luas e todos os corpos celestes que existem em todo o Universo. Dentro do nosso sistema solar, a Terra é o segundo lugar menos evoluído, melhor apenas do que Marte. Em Vênus e na Lua, as almas que viveram uma vida justa seguem adiante para continuar seu aprendizado num ambiente mais pacífico. Já em Júpiter, viveriam as almas mais elevadas de toda a vizinhança. Ali, segundo a descrição publicada por Kardec em 1858, o espírito do compositor Wolfgang Amadeus Mozart vive em uma mansão suntuosa.



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