Autoconhecimento
Sem conhecer a si mesmo, faça o que fizer, não pode haver o estado de meditação. Quero dizer com “autoconhecimento”, conhecer cada pensamento,cada disposição, cada sentimento; conhecer a atividade de sua mente – não conhecer o ego supremo, o grande ego; não existe tal coisa; o ego superior, o “Atman”, está ainda dentro do campo do pensamento. O pensamento é resultado de nosso condicionamento, o pensamento é a resposta de sua memória, ancestral ou imediata. E simplesmente tentar meditar sem estabelecer primeiro, profundamente, irrevogavelmente, essa virtude que surge através do autoconhecimento, é completamente enganoso e absolutamente inútil. Por favor, é muito importante que aqueles que são sérios compreendam isto. Porque se você não pode fazer isso, sua meditação e o viver atual estão divorciados, apartados – tão apartados que, embora você possa meditar, fazer posturas indefinidamente, pelo resto de sua vida, não enxergará além de seu próprio nariz; qualquer postura que você assumir, qualquer coisa que fizer, não terá significado. É importante compreender o que é esse autoconhecimento, apenas estar cônscio, sem nenhuma escolha, do “eu” que tem sua origem num feixe de memórias – apenas estar cônscio disto sem interpretação, meramente observar o movimento da mente. Mas essa observação é impedida quando você está apenas acumulando através da observação – o que fazer, o que não fazer, o que conseguir; se você fizer isso, porá um fim ao processo vivo do movimento da mente como ego. Ou seja, eu tenho que observar e ver o fato, o presente, o que é. Eu abordo isto com uma ideia, com uma opinião – tal como “eu não devo” ou “eu devo”, que são respostas da memória – então o movimento do que é fica obstruído, bloqueado; e daí, não há aprendizagem.
J. Krishnamurti, The Book of Life
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