Em uma população pequena, acasalamentos entre parentes são comuns. Esta endogamia pode diminuir a habilidade de sobrevivência e reprodução, um fenômeno chamado de depressão endogâmica. Por exemplo, uma população de 40 víboras européias (Vipera berus, indicada à direita) sofreu uma depressão endogâmica quando atividades agrícolas na Suécia as isolaram de outras populações de víboras.¹ Na população isolada, nasceu uma maior proporção de descendentes natimortos e deformados do que nas populações maiores. Quando pesquisadores introduziram víboras de outras populações – um exemplo de exogamia – a população isolada se recuperou e produziu uma proporção maior de descendentes viáveis.
A explicação para a depressão endogâmica está na história evolutiva da população. Através do tempo, a seleção natural extirpou alelos deletérios de uma população – quando os alelos deletérios dominantes são expressos, eles diminuem a eficácia do portador, então na próxima geração haverá menos cópias. Mas alelos deletérios recessivos são “escondidos” da seleção natural pelos seus deletérios dominantes. Um indivíduo carregando um único alelo deletério recessivo será saudável e pode facilmente passar o alelo deletério para a próxima geração.
Deletérios
Quando a população é maior, isso geralmente não é um problema - a população pode carregar muitos alelos deletérios recessivos, mas eles são raramente expressos. Entretanto, quando a população se torna pequena, parentes próximos acabam se acasalando uns com os outros, e esses parentes provavelmente carregam o mesmo alelo deletério recessivo. Quando parentes acasalam, a descendência pode herdar duas cópias do mesmo alelo deletério recessivo e sofrer as conseqüências de que o alelo deletério se expresse como mostrado no exemplo abaixo. No caso das víboras européias suecas, significou descendentes natimortos e deformidades.
Para as víboras européias suecas, a solução para a depressão endogâmica foi simples – introduzir víboras européias de outras populações. Mas se os wombats de nariz peludo sofrerem de depressão endogâmica, não há outra população que possa salvá-los. Entender a história evolutiva de uma população e sua probabilidade de carregar alelos deletérios recessivos sugere que em nossos esforços de conservação deveríamos impedir que as populações caíssem a um nível muito baixo.
1 Madsen, Thomas; Stille, Bo; Shine, Richard. Inbreeding depression in an isolated population of adders Vipera berus. In: Biological Conservation 1996. 75 (2): 113-118.
• Foto de víbora européia © Dr. Wolfgang Wüster
Fonte: Relevância da Evolução
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