- Snowden: por sua autodescrição, um espião desacostumado com holofotes
O ex-consultor da CIA Edward Snowden, que revelou que a Agência Nacional de Segurança americana grampeou milhões, se disse ciente de que a informação que divulgou acabaria com ele.
"Sei que sofrerei por minhas ações e a reação pública a estas informações marcará o meu fim", disse ele em maio deste ano, antes de fazer contato com um repórter (Barton Gellman) do jornal "The Washington Post".
A história dos grampos foi divulgada pelo jornal "The Guardian", mas Snowden procurou antes um repórter do "Post". Para manter sua identidade em sigilo, ele usou até um codinome - "Verax", latim para "aquele que fala a verdade", segundo a agência "Associated Press".
O informante alertou o jornalista que a área de inteligência do governo americano "certamente o matará se acharem que você é o ponto que pode impedir essa revelação e torná-los o único dono dessa informação".
Para entregar os documentos, Snowden pediu ao repórter uma garantia de que o "Post" publicaria em até 72 horas o texto completo sobre o programa de vigilância dos EUA que coletou dados de milhões de usuários de empresas de internet, telefonia e cartões de crédito. Como o jornalista não deu garantias, o informante disse "lamentar que não mantivemos este projeto unilateral". Snowden então procurou Glenn Greenwald, colunista do "Guardian", que deu a história na semana passada.
Motivação
Quando Gellman o questionou sobre sua preocupação com a segurança do país, Snowden respondeu que "não é que eu não valorize (o serviço de) inteligência".
"Eu me oponho a vigilância onisciente, automática, em massa... isso me parece uma ameaça maior às instituições livres da sociedade do que relatórios de inteligência perdidos ou que não valem o custo."
"Eu me oponho a vigilância onisciente, automática, em massa... isso me parece uma ameaça maior às instituições livres da sociedade do que relatórios de inteligência perdidos ou que não valem o custo."
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Ao revelar sua identidade ao mundo, Snowden fez novo contato com o repórter do "Post' de um hotel em Hong Kong próximo à base da CIA no consulado americano. "Não há precedente deste tipo de coisa na minha vida", escreveu ele, sobre a decisão de se revelar. "Fui um espião a vida toda - não gosto de holofotes."
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