29 de jun. de 2013

Pastora evangélica mantinha criança indígena como escrava em Goiás

Posted by Liberte Sua Mente on sabado, 29 Junho, 2013



No Antigo Testamento da Bíblia, no livro de Levíticos, capítulo 24 está escrito: “E quanto a teus escravos, serão das nações que estão ao redor. Deles comprareis escravos e escravas(...) E possui-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós; perpetuamente os fareis servir”. Em Goiânia, no estado de Goiás, uma pastora evangélica levou essas palavras ao pé da letra e mantinha uma criança indígena de 11 anos como escrava. 
O Ministério Público Federal em Goiás fez a denúncia, acusando a líder religiosa. De acordo com o MP-GO, no período de maio de 2009 a novembro de 2010, a menina era forçada a trabalhos domésticos, com jornada excessiva. Não foram divulgados nem a entidade da religiosa, nem seu nome e o do templo em que pregava. Segundo o procurador da República Daniel de Resende Salgado, a mulher submetia a menina à condição de escravidão, durante um ano e seis meses, prejudicando seu desenvolvimento.
A menina é da etnia Xavante, da aldeia indígena de São Marcos, em Barra dos Garças (MT) se mudou para Goiânia com o pai e a irmã, para buscar de tratamento médico. Na chegada, a família se hospedou na Casa de Saúde do Índio, mas o homem procurou apoio material e religioso, e foi indicado a procurar a Igreja conduzida pela pastora, que se ofereceu para receber a menina, prometendo habitação e educação. 
Denúncia e investigações - De acordo com a denúncia a criança foi obrigada a realizar trabalhos domésticos na casa da pastora. Durante muitas horas ela fazia serviços como limpar banheiros, o chão, lavar e passar roupas, lavar louças e cozinhar, utilizando instrumentos perigosos para sua idade, como ferro de passar roupa e materiais cortantes na cozinha. Consta ainda que a garota era forçada a trabalhar mesmo doente, sofria ameaças de castigos corporais, não era remunerada pelos serviços prestados, além de ser obrigada a entregar panfletos da igreja, à noite, nas ruas e praças da cidade.
O caso foi descoberto quando professoras da escola pública onde a garota estudava perceberam seu comportamento tímido e alguns hematomas. Além disso, ela quase nunca conseguia fazer as atividades e tarefas escolares em casa e registraram o fato na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que ao identificar crime federal, encaminhou o inquérito ao MPF. Segundo o procurador do MP-GO, a suspeita já prestou depoimento e negou as acusações.
A criança foi ouvida na presença de membros do conselho tutelar e Fundação Nacional do Índio (Funai) e confirmou a denúncia. A menina foi devolvida à família e retornou com os pais para o Mato Grosso no fim de 2011. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, a mulher deve responder pelo crime de “reduzir alguém à condição análoga a de escravo”, previsto no artigo 149, do Código Penal e pode pegar pena de até 16 anos de reclusão, se condenada.

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