O Sudeste brasileiro vive a maior seca de sempre desde que se iniciaram os registos meteorológicos, há 84 anos, disse nesta sexta-feira a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, após uma reunião de crise com mais cinco ministros devido à situação que se vive nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
A seca iniciou-se em 2014 e o problema foi ganhando uma dimensão cada vez mais preocupante. Os sistemas de rio e barragens que abastecem as cidades do estado de São Paulo, o mais afectado até agora, estão a 14% do seu volume máximo. O sistema da Cantareira, um dos mais importantes, que abastece 6,5 milhões de pessoas, está apenas com 5,4% da sua capacidade total, de acordo com as informações governamentais.
“Estamos vivendo sim uma situação absolutamente sensível do ponto de vista do cenário de chuva e do que vem acontecendo, em particular, no Sudeste brasileiro, que é uma situação completamente atípica”, disse a ministra aos jornalistas à saída da reunião, citada pelo jornal brasileiro A Folha de São Paulo. “São 84 anos de monitoramento e nunca se viu no Sudeste brasileiro uma situação tão sensível e preocupante.”
Uma das medidas do Governo da Presidente Dilma Rousseff foi acelerar as obras para a transposição de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira.
Este Janeiro, que costuma ser o mês mais chuvoso naquele estado, o nível de pluviosidade continua muito abaixo da média. Além da cidade de São Paulo, outras 14 cidades daquele estado estão a sofrer de escassez de água, que afecta também a disponibilidade eléctrica em pleno Verão, quando os ares condicionados são mais usados.
Num artigo de opinião publicado na Folha, Jerson Kelman, responsável pela empresa que gere a água de São Paulo, a Sabesp, assumiu que se a seca continuasse seriam necessários cortes de água. Por agora, as medidas impostas para poupar passam pela diminuição de pressão da água canalizada e um aumento do preço para quem gastar acima de uma certa quantidade
“Há uma parte significativa da população que ainda não está consciente da gravidade da situação e insiste em não mudar de hábitos. Alguns até aumentaram o consumo. Esses devem ser convencidos a mudar de comportamento, tanto pela acção dos familiares como pela dor no bolso causada pela imposição da sobretaxa”, escreveu o empresário de 67 anos.
Segundo os especialistas, o aumento de população, as temperaturas mais altas, que levam a um maior consumo de água, e o aquecimento global estão por trás desta situação, avança o jornal britânico The Guardian. Há também quem defenda que o abate da floresta da Amazónia pode estar ligado às secas.
O Governo é responsabilizado por deixar as infra-estruturas degradarem-se. Um relatório governamental indica que 37% da água se perde devido à má canalização, à fraude e ao acesso ilegal. Segundo a Sabesp, existem 64.000 quilómetros de canalização a precisar ser substituída.
No Rio de Janeiro, o sistema de abastecimento Paraíba, o maior da cidade, está apenas a 1% da sua capacidade, a menor quantidade de sempre. Há pelo menos 93 cidades brasileiras com imposições de racionamento, o que afecta ao todo 3,9 milhões de pessoas, avança o The Guardian.
http://www.publico.pt/mundo/noticia/brasil-vive-a-pior-seca-de-ha-84-anos-1683252
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