John Patterson posa ao lado do primeiro leão abatido |
E não se pode dizer que os trabalhadores não foram, de certa forma, “alertados”: a palavra “tsavo”, no idioma local, se refere a um “local de abate”. Inicialmente, a história fazia referência à tribo Maasai – um grupo de nômades que vivia no Quênia e na Tanzânia e que se tornou popular por massacrar outras tribos mais fracas. Sombra e Escuridão Só que o massacre que aconteceu em 1898 não foi executado por nenhuma cultura tribal: dois ferozes leões, apelidados de Sombra e de Escuridão, mataram 135 pessoas naquele ano. A matança aconteceu entre março e dezembro, quando, finalmente, as duas feras foram mortas pelo responsável pela construção. A fama dos Leões de Tsavos é muito grande, pois eles conseguiram fugir de várias armadilhas colocadas para capturá-los. Pior: os dois animais também eram especialistas em dizimar expedições que tentavam localizá-los e matá-los. Muitos dos trabalhadores, inclusive, fugiram da região e abandonaram a construção da ponte com medo dos “monstros”. O que torna sua história ainda mais incrível é o fato de que os dois leões caçavam em dupla – um comportamento atípico para a espécie. Os habitantes da região os chamavam de Shaitini, ou “demônios da noite” – daí a origem de seus nomes britânicos, que fazem referência ao mundo da noite e das sombras. John Patterson conseguiu matar o primeiro dos leões em 9 de dezembro de 1898, precisando de mais três semanas para aniquilar o seu “parceiro”. Seus corpos foram empalhados e hoje se encontram expostos no Museu de História Natural de Chicago, nos EUA. Sua história já virou livro e filme. “A Sombra e a Escuridão”, de 1996, foi dirigido por Stephen Hopkins e colocou Val Kilmer e Michael Douglas para enfrentar os dois leões lendários de Tsavos. Só que a história não para por aí: apesar de John Patterson jurar que 135 trabalhadores foram mortos durante a construção da ponte ferroviária, a empresa responsável diz que apenas 28 pessoas morreram nos ataques dos leões. Pesquisas posteriores de biólogos mostram que um dos leões foi responsável por 11 mortes e o outro por 24.
No total, “apenas” 35 pessoas teriam sido “caçadas” pelas feras africanas – um número pouco maior do que o divulgado pela companhia ferroviária, mas bem abaixo do especulado por Patterson. Pesquisas indicam, também, que um dos leões tinha doenças odontológicas, mandíbula desalinha e danos no crânio. Isso levou os pesquisadores a concluir que ele só atacou os humanos por puro desespero. Além disso, os ataques foram justamente em uma época de expansão territorial na África, e diversas das presas naturais dos leões tinham sido aniquiladas pela própria ação do homem – principalmente os elefantes. No fim, voltamos a um outro ditado: “aqui se faz, aqui se paga”. Até hoje a história de Sombra e de Escuridão permeia as lendas locais, e os leões ainda se mostram como um dos maiores símbolo do poder da natureza sobre o homem. Afinal, o dia pode até ser o do caçador; mas, até lá, é a caça quem vai reinar.
Intensamente ao ler esta mensagem me veio Na mente como se eu estivesse lá
ResponderExcluirRoni Almeida
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