Conhecer a si mesmo
“Conhecer a si mesmo é muito elementar. Não é difícil. Não pode ser difícil. Você tem apenas que desaprender os modos. Você não precisa aprender coisa alguma para saber quem você é; você tem apenas que desaprender algumas coisas.
Primeiro, você tem que desaprender a se preocupar com as coisas; segundo, você tem que desaprender a se preocupar com os pensamentos; e a terceira coisa acontece por si mesma – é o testemunhar.
Deixe-me dizer isso de outra maneira... Essas são as três coisas em sua vida. Na borda mais externa, estão as coisas, o mundo, o que o povo Zen chama de ‘o mundo das dez mil coisas’. Na borda mais externa, na periferia, na circunferência, estão as coisas, milhões de coisas. Em seguida, entre o centro e a circunferência estão os pensamentos, os desejos, os sonhos, as memórias, as imaginações – a mente. Se o mundo é chamado de ‘o mundo das dez mil coisas’, a mente deveria ser chamada de ‘o mundo dos dez milhões de pensamentos’.
E a chave é: primeiro você começa a observar as coisas. Sentado silenciosamente, olhe para uma árvore; seja apenas observador, não pense sobre isso. Não diga: ‘que tipo de árvore é essa?’ Não diga se ela é bonita ou feia. Não diga: ‘está verde ou seca’. Não formule nenhum pensamento que possa agitar-se a respeito, apenas continue olhando para a árvore – é isso que os meditadores têm feito há séculos. Eles escolhiam uma coisa – talvez uma pequena chama de uma vela – e sentavam-se silenciosamente olhando para ela. O que eles estavam fazendo? A chama nada tem a ver com meditação, é apenas um recurso. Eles estavam tentando uma coisa – continuar olhando para a chama até chegar a um ponto em que nenhum pensamento surgisse a respeito da vela. A chama está ali, você está aí e nenhum pensamento surge.
Você pode fazer isso em qualquer lugar, observando qualquer coisa. Apenas lembre-se de uma coisa – quando o pensamento vier, coloque-o de lado, empurre-o para o lado. E novamente, continue olhando para a coisa. No começo será difícil, mas depois de um tempo, intervalos começam a acontecer. Haverá momentos em que você estará olhando para a árvore e não haverá nenhum pensamento – você encontrará grande alegria surgindo dessa simples experiência. Nada aconteceu, apenas os pensamentos não estão ali, a árvore está ali e você está aí, e entre os dois espaços – um espaço não tumultuado com pensamentos. De repente, surge uma grande alegria, sem qualquer razão visível, sem razão alguma. Você aprendeu o primeiro segredo.
Isso então tem que ser usado de uma maneira muito sutil. As coisas são grosseiras, e é por isso que eu digo: comece com uma coisa. Você pode sentar-se no seu quarto e olhar para uma fotografia – a única coisa a se lembrar é não pensar sobre ela. Apenas olhe sem pensar. Devagar, devagar, acontece. Olhe para a mesa sem pensar e, pouco a pouco, a mesa está ali, você está ali e não há pensamento algum entre vocês dois. E, subitamente, a alegria.
A alegria é uma função do descuido. A alegria já está ali, ela está reprimida atrás dos muitos pensamentos. E quando os pensamentos não estão presentes, a alegria se manifesta.
Comece com o grosseiro. Depois, quando você se tornar harmonizado e começar a sentir momentos em que os pensamentos desaparecem e apenas as coisas estão ali, comece a fazer a segunda coisa. Agora feche os olhos e olhe para qualquer pensamento que venha – sem pensar sobre o pensamento. Algum rosto surge na tela de sua mente, ou uma nuvem se move, ou qualquer coisa... Apenas olhe para isso sem pensar.
Primeiro, você tem que desaprender a se preocupar com as coisas; segundo, você tem que desaprender a se preocupar com os pensamentos; e a terceira coisa acontece por si mesma – é o testemunhar.
Deixe-me dizer isso de outra maneira... Essas são as três coisas em sua vida. Na borda mais externa, estão as coisas, o mundo, o que o povo Zen chama de ‘o mundo das dez mil coisas’. Na borda mais externa, na periferia, na circunferência, estão as coisas, milhões de coisas. Em seguida, entre o centro e a circunferência estão os pensamentos, os desejos, os sonhos, as memórias, as imaginações – a mente. Se o mundo é chamado de ‘o mundo das dez mil coisas’, a mente deveria ser chamada de ‘o mundo dos dez milhões de pensamentos’.
E a chave é: primeiro você começa a observar as coisas. Sentado silenciosamente, olhe para uma árvore; seja apenas observador, não pense sobre isso. Não diga: ‘que tipo de árvore é essa?’ Não diga se ela é bonita ou feia. Não diga: ‘está verde ou seca’. Não formule nenhum pensamento que possa agitar-se a respeito, apenas continue olhando para a árvore – é isso que os meditadores têm feito há séculos. Eles escolhiam uma coisa – talvez uma pequena chama de uma vela – e sentavam-se silenciosamente olhando para ela. O que eles estavam fazendo? A chama nada tem a ver com meditação, é apenas um recurso. Eles estavam tentando uma coisa – continuar olhando para a chama até chegar a um ponto em que nenhum pensamento surgisse a respeito da vela. A chama está ali, você está aí e nenhum pensamento surge.
Você pode fazer isso em qualquer lugar, observando qualquer coisa. Apenas lembre-se de uma coisa – quando o pensamento vier, coloque-o de lado, empurre-o para o lado. E novamente, continue olhando para a coisa. No começo será difícil, mas depois de um tempo, intervalos começam a acontecer. Haverá momentos em que você estará olhando para a árvore e não haverá nenhum pensamento – você encontrará grande alegria surgindo dessa simples experiência. Nada aconteceu, apenas os pensamentos não estão ali, a árvore está ali e você está aí, e entre os dois espaços – um espaço não tumultuado com pensamentos. De repente, surge uma grande alegria, sem qualquer razão visível, sem razão alguma. Você aprendeu o primeiro segredo.
Isso então tem que ser usado de uma maneira muito sutil. As coisas são grosseiras, e é por isso que eu digo: comece com uma coisa. Você pode sentar-se no seu quarto e olhar para uma fotografia – a única coisa a se lembrar é não pensar sobre ela. Apenas olhe sem pensar. Devagar, devagar, acontece. Olhe para a mesa sem pensar e, pouco a pouco, a mesa está ali, você está ali e não há pensamento algum entre vocês dois. E, subitamente, a alegria.
A alegria é uma função do descuido. A alegria já está ali, ela está reprimida atrás dos muitos pensamentos. E quando os pensamentos não estão presentes, a alegria se manifesta.
Comece com o grosseiro. Depois, quando você se tornar harmonizado e começar a sentir momentos em que os pensamentos desaparecem e apenas as coisas estão ali, comece a fazer a segunda coisa. Agora feche os olhos e olhe para qualquer pensamento que venha – sem pensar sobre o pensamento. Algum rosto surge na tela de sua mente, ou uma nuvem se move, ou qualquer coisa... Apenas olhe para isso sem pensar.
Esse passo será um pouco mais árduo que o primeiro, porque as coisas são mais grosseiras e os pensamentos são mais sutis. Mas, se o primeiro aconteceu, o segundo acontecerá – apenas tempo será necessário. Continue olhando para o pensamento. Depois de um tempo... Depende de você, pode acontecer em semanas, pode demorar meses, pode levar anos – depende de quão atentamente, quão sinceramente você estiver fazendo isso. Então, um dia, de repente, o pensamento não estará ali. Você estará sozinho.
Com as coisas, os pensamentos desaparecem... Você estava ali e as coisas estavam ali; o subjetivo e o objetivo estavam ali, a dualidade estava ali. Quando o pensamento desaparece, você fica simplesmente sozinho, apenas a subjetividade permanece sozinha. E uma grande alegria surge – mil vezes maior do que a primeira alegria que aconteceu quando a árvore estava lá e o pensamento tinha desaparecido. Mil vezes. Será tão imensa que você será inundado de alegria.
Esse é o segundo passo. Quando isso começa a acontecer, então faça a terceira coisa – observe o observador. Agora não há nenhum objeto. As coisas foram abandonadas, os pensamentos foram abandonados, agora você está sozinho. Agora, seja simplesmente o vigilante desse observador, seja uma testemunha desse testemunhar. No começo será difícil novamente, porque nós sabemos apenas como observar algo – uma coisa, um pensamento. Mesmo um pensamento é pelo menos alguma coisa para observar. Agora não há nada, é vazio absoluto. Apenas o observador é deixado sozinho. Você tem que voltar-se para si mesmo.
Isso é o que Jesus quer dizer quando fala em ‘conversão’ – voltar-se para si mesmo. Isso é o que Mahavira quer dizer quando fala em pratikraman – voltar-se para si mesmo. Isso é o que Patanjali quer dizer com pratyahara – voltar-se para si mesmo. E isso é o que os Sufis querem dizer quando usam a palavra shahadah – testemunhando a testemunha. Essa é a chave mais secreta. Você apenas continua a estar lá sozinho. Descanse nessa solidão e surgirá um momento em que acontecerá. É certo acontecer. Se as duas primeiras coisas aconteceram, a terceira com certeza acontecerá – você não precisa se preocupar com isso.
Quando isso acontecer, então, pela primeira vez você conhecerá o que é alegria. Todas aquelas alegrias que você havia conhecido antes – a alegria que aconteceu quando a árvore estava ali e o pensamento havia desaparecido; a alegria que aconteceu quando os pensamentos desapareceram e você ficou sozinho... Sim, a segunda alegria foi mil vezes maior que a primeira, mas agora alguma coisa acontece que não é apenas quantitativamente diferente, mas qualitativamente diferente. Agora, pela primeira vez, você irá conhecer o que os hindus chamam ananda – a alegria verdadeira. Todas as alegrias conhecidas antes simplesmente empalidecem, simplesmente nada mais significam. Aquelas alegrias eram algo que estava acontecendo a você, agora, esta alegria é totalmente diferente: é você mesmo, é swabhawa, é a sua natureza mais secreta.
Não é algo acontecendo a você, assim não lhe pode ser tirado. É você em seu autêntico ser, é o seu próprio ser. Agora isso não pode ser tirado. Agora não há maneira alguma de tirá-lo. Você chegou em casa.
Portanto, você tem que desaprender as coisas, os pensamentos. Primeiro observe o grosseiro, depois observe o sutil, e em seguida observe o além, o que está além do grosseiro e do sutil.”
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OSHO - Sufis: o Povo do Caminho - Capítulo n° 8 - pergunta n° 4
Publicado pela Maha Lakshmi Editora em 1983. Edição esgotada
Com as coisas, os pensamentos desaparecem... Você estava ali e as coisas estavam ali; o subjetivo e o objetivo estavam ali, a dualidade estava ali. Quando o pensamento desaparece, você fica simplesmente sozinho, apenas a subjetividade permanece sozinha. E uma grande alegria surge – mil vezes maior do que a primeira alegria que aconteceu quando a árvore estava lá e o pensamento tinha desaparecido. Mil vezes. Será tão imensa que você será inundado de alegria.
Esse é o segundo passo. Quando isso começa a acontecer, então faça a terceira coisa – observe o observador. Agora não há nenhum objeto. As coisas foram abandonadas, os pensamentos foram abandonados, agora você está sozinho. Agora, seja simplesmente o vigilante desse observador, seja uma testemunha desse testemunhar. No começo será difícil novamente, porque nós sabemos apenas como observar algo – uma coisa, um pensamento. Mesmo um pensamento é pelo menos alguma coisa para observar. Agora não há nada, é vazio absoluto. Apenas o observador é deixado sozinho. Você tem que voltar-se para si mesmo.
Isso é o que Jesus quer dizer quando fala em ‘conversão’ – voltar-se para si mesmo. Isso é o que Mahavira quer dizer quando fala em pratikraman – voltar-se para si mesmo. Isso é o que Patanjali quer dizer com pratyahara – voltar-se para si mesmo. E isso é o que os Sufis querem dizer quando usam a palavra shahadah – testemunhando a testemunha. Essa é a chave mais secreta. Você apenas continua a estar lá sozinho. Descanse nessa solidão e surgirá um momento em que acontecerá. É certo acontecer. Se as duas primeiras coisas aconteceram, a terceira com certeza acontecerá – você não precisa se preocupar com isso.
Quando isso acontecer, então, pela primeira vez você conhecerá o que é alegria. Todas aquelas alegrias que você havia conhecido antes – a alegria que aconteceu quando a árvore estava ali e o pensamento havia desaparecido; a alegria que aconteceu quando os pensamentos desapareceram e você ficou sozinho... Sim, a segunda alegria foi mil vezes maior que a primeira, mas agora alguma coisa acontece que não é apenas quantitativamente diferente, mas qualitativamente diferente. Agora, pela primeira vez, você irá conhecer o que os hindus chamam ananda – a alegria verdadeira. Todas as alegrias conhecidas antes simplesmente empalidecem, simplesmente nada mais significam. Aquelas alegrias eram algo que estava acontecendo a você, agora, esta alegria é totalmente diferente: é você mesmo, é swabhawa, é a sua natureza mais secreta.
Não é algo acontecendo a você, assim não lhe pode ser tirado. É você em seu autêntico ser, é o seu próprio ser. Agora isso não pode ser tirado. Agora não há maneira alguma de tirá-lo. Você chegou em casa.
Portanto, você tem que desaprender as coisas, os pensamentos. Primeiro observe o grosseiro, depois observe o sutil, e em seguida observe o além, o que está além do grosseiro e do sutil.”
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OSHO - Sufis: o Povo do Caminho - Capítulo n° 8 - pergunta n° 4
Publicado pela Maha Lakshmi Editora em 1983. Edição esgotada