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4 de mai. de 2023
10 de abr. de 2023
Na campanha, Bolsonaro gastou quase R$ 700 mil no cartão corporativo. Senador pede investigação
Humberto Costa (PT-PE) classifica como “vergonhosa” a utilização do cartão corporativo para financiar atos de campanha de Bolsonaro. Gastos de Mourão em ano eleitoral também chamam atenção.
São Paulo – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou pelo menos R$ 697 mil entre agosto e novembro durante atividades da campanha eleitoral. Reportagem do portal UOL nesta segunda-feira (13) identificou 21 eventos eleitorais em que Bolsonaro usou o cartão corporativo para bancar passagens aéreas, hospedagem, lanches, combustível e até gradis para o cercadinho de apoiadores. O levantamento tem como base notas fiscais obtidas pela agência Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Diante do conteúdo revelado, o senador Humberto Costa (PT-PE) acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que apurem o que chamou de “bandalheira” no uso do cartão corporativo pelo ex-presidente.
Por iniciativa própria, o subprocurador do TCU (Tribunal de Contas da União) Lucas Furtado também pediu a abertura de investigação sobre os gastos eleitorais com cartão corporativo. Ele aponta possível dano ao erário público com a utilização indevida de recursos públicos. Também pede ao TSE a formação de uma força-tarefa para fiscalizar os gastos no cartão de Bolsonaro.
Farra eleitoral
Em agosto, por exemplo, Bolsonaro gastou R$ 50 mil só em lanches numa padaria em Vitória da Conquista (BA). O então candidato realizou uma das suas “motociatas” na cidade, ao lado do ex-ministro e então candidato a governador da Bahia João Roma (PL). Na ocasião, cerca de 50 assessores e seguranças também ficaram hospedados por três dias na cidade. Assim, os gastos com hospedagem somaram R$ 47 mil na fatura do cartão.
No final de agosto, em visita a Minas Gerais, o cartão da presidência também bancou R$ 8.650 para um delivery de iFood e mais R$ 25.275 em lanches. Em setembro, Bolsonaro voltou à capital mineira para mais um ato de campanha. Foram mais R$ 16.926 em gastos com hospedagem e R$ 2.000 para o “cercadinho”.
Em 12 de outubro, quando Bolsonaro visitou a Basílica de Aparecida, em São Paulo, foram mais de R$ 40 mil. O cartão corporativo pagou gastos com gradis, baterias, lanches e hospedagem. No dia de Nossa Senhora Aparecida, apoiadores do então presidente hostilizaram jornalistas da TV do santuário.
Durante a missa, quando Dom Orlando Brandes incentivou o voto dos católicos e disse que era preciso vencer os “dragões do ódio e da mentira“, foi vaiado pelos apoiadores do presidente. Três dias depois desse vexame, Bolsonaro utilizou o cartão para comprar 566 kits de lanches por R$ 20.312 em outro evento classificado como “atividade eleitoral”, em Fortaleza (CE).
Em janeiro, a RBA já havia identificado que gastos com hospedagem, combustíveis e alimentação no cartão corporativo coincidiram com as “motociatas” que Bolsonaro realizou durante o mandato, em diversas regiões do país. Tanto o presidente quanto seus apoiadores diziam que as manifestações eram “espontâneas”.