23 de mai. de 2015

Moralidade, Obediência e Fé


Moralidade, Obediência e Fé

Religião não ensina moralidade. Moralidade é fazer o certo independente do que lhe é pedido. O que a religião ensina é obediência. Obediência é fazer o que lhe é pedido independente se é, ou não, certo."

A fé segundo Paulo de Tarso:
"A fé é o firme fundamento das coisas que não se viram, mas que se esperam."
Hebreus cap 11 vers 1

Ou seja a fé é, sem dúvidas, crer que algo existe, ou é possível, mesmo contra todas as provas dizendo o contrário. Mesmo a crença em um deus invisível é, a despeito da falta de provas de sua existência, uma amostra de fé.
Se a coisa ficasse apenas aí estaria tudo bem. Sim, repito, se a coisa permanecesse apenas no patamar do pensamento a crença em deus não seria um mal.
O problema se dá quando nossa imaginação nos leva por caminhos perigosos onde, em última medida, cometemos atos bárbaros, exógenos e esdrúxulos em nome de nossa fé. 
Ou acaso o leitor acha normal e completamente aceitável o fato de um homem receber a ordem de seu deus para matar seu único filho e obedecê-la sem o menor questionamento?
Quando evoluímos (ou seria involuímos?) do nível da pura crença para o campo das ações baseadas em "ordens" ou "mandamentos", colocando em risco nossa existência e a de nossos entes, amigos ou de qualquer outra pessoa, entramos naquilo que chamo de maior dos perigos que a fé pode proporcionar:
O afastamento de nossas capacidades mentais.
Quando abandonamos nossas capacidades de questionamento a cerca de algo que nos é proposto, ou ordenado, e fazemos, ou cumprimos, sem questionar se aquilo é ou não certo nossos cérebros estão, sem sombra de dúvidas, completamente dominados pelo desligamento da realidade e da obediência sem questionamentos.


Ora.... e não é de se admirar que tal fato ocorra. Desde muito pequenos nossas frágeis cabecinhas são bombardeadas com ameaças, ironias e sarcasmos. Fabricando em nossas mentes um medo, muitas vezes surreal, de irmos para o inferno.
E é aí que mora o cerne da questão!
Provoque os instintos de um ser humano, coloque em risco sua existência, diga a ele que há um castigo eterno e doloroso, que sua alma sofrerá, que ele está sendo vigiado 24h por dia, que há um ser invisível que é poderoso, que castiga, que traz justiça (de seu próprio ponto de vista obviamente), que é eterno e infinito; pronto, você tem agora um humano fragilizado e amedrontado psicologicamente, aflito espiritualmente e pronto para fazer o que for necessário para que sua alma não receba o "castigo eterno".
Dentro desta lógica você poderá pedir o que quer que seja a esta pessoa, a esta altura em domínio de sua vontade, e ela o fará sem questionar ou, na mesma medida, acreditará, aceitará e concordará com fatos absurdos, estúpidos, imorais e sem qualquer veracidade de forma inquestionável. Ela crerá que o livro de sua fé é, de fato, a poesia mais bela, a mais tenra e doce verdade e que as agruras, a violência e as contradições ali descritas são completamente aceitáveis e condizentes com a vontade de seu deus.
Versos contendo o assassinato de crianças, mulheres e idosos, invasão, roubo, mutilação, apedrejamento, estupro, decapitação e desrespeito a vida em todas as suas formas tornam-se bonitos, agradáveis e até, para meu desespero, aceitáveis e justos.


Agora observe algo caro leitor.
Quando falo de minha religião, de minha fé e de meu deus é tudo muito lindo e compreensível. No entanto se falamos da religião, da fé e do deus alheio a coisa muda de figura. Se é o meu é aceitável, se é o do outro é inaceitável.
É imoral ver um cristão ser queimado vivo em uma jaula por muçulmanos insanos mas, ironicamente, é moral condenar pessoas ao inferno por não participarem de minha fé. É imoral a fome que a África sofre, mas é moral mandar que os africanos não usem preservativos no continente de maior proliferação do vírus da AIDS.
Nossas religiões, quase todas elas, surgiram em épocas onde o comércio escravo era amplamente aceito, onde o estupro e os casamentos forçados e "encomendados" eram práticas corriqueiras, onde as mulheres eram vistas como lixo, servindo apenas para o prazer, e o preconceito, masculino. Um tempo onde não entendíamos a natureza, sentíamos medo da noite, achávamos que a lua tinha luz própria, que a terra era chata (chato estou eu sempre falando disso), que a menstruação era uma doença, um castigo de deus sobre as mulheres, onde os agravos mentais eram vistos como demonismo ou, mais uma vez, uma punição divina.
No entanto, de lá para cá, inventamos a luz elétrica, automóveis, descobrimos vacinas, inventamos a TV, o rádio, a imprensa, os telefones, os celulares e os computadores.
Abolimos a escravidão, as mulheres alcançaram patamar de igualdade em relação ao homem (ao menos em tese), fomos ao espaço, descobrimos que, contrariamente ao que nos diziam as religiões, somos um minúsculo grão de areia girando um balé cósmico em um braço periférico de uma pequena galáxia em um pequeno sistema.
Seguimos desvendando nossa biologia, melhorando nosso padrão de vida, fazendo novas descobertas mas, de uma forma incompreensível, continuamos aceitando a existência do ser mítico, invisível, manifestável e mutante que deturpa e desliga nosso senso de moralidade, ou melhor, troca-o pelo senso de obediência.

A obediência sem questionamentos retira de nós nosso respeito pelas diferenças. E não precisamos observar muito para ver que a raça humana é feita justamente disso:
Diferenças.
Diferenças culturais e comportamentais.
A religião destrói nossa aceitação e admiração deste aspecto humano. Transformamos a diferença em atrito, barreira, feiúra e até mesmo em crime. 
Pois a fé não nos ensina que é imoral pré-conceituar a cultura alheia mas, em contrariedade, nos ensina que a cultura alheia é um mal a ser combatido, que a diferença é uma doença a ser erradicada.
A religião nos manda combater a diferença e, em obediência, combatemo-a sem parar para refletir a respeito.
A moral nos diz que, independente do que me é ordenado fazer, há que se compreender se aquela atitude é realmente correta.
Conheço pessoas de profunda moral e que não professam nenhuma fé e, em contrapartida, religiosos fanáticos sem qualquer moralidade, ou ideia de o que seja moral ou não.
De fato outro dia li em uma postagem de uma amiga o seguinte comentário:
"Se todos nós: católicos, evangélicos, batistas, neo pentecostais, etc; resolvêssemos nos unir, estes ateus estariam perdidos.... eles iriam amar! Ou não, afinal não conhecem o verdadeiro amor."
Realmente foi um comentário de extrema coerência. 
Afinal imaginem todos cristãos unindo-se unicamente para perseguir ateus, agnósticos e não crentes. Se o único motivo que os levaria a uma possível união é perseguir quem pensa diferente deles, não precisamos de mais provas de sua imoralidade. E se esse é o "verdadeiro amor de deus", quero passar longe de tal sentimento hipócrita, estúpido, atrasado e imoral.


http://buscaderazao.blogspot.com.br/


3 comentários:


  1. MORAL OU IMORAL?! FAZENDO VISTA GROSSA, É OU NÃO É?!

    É imoral ver um cristão ser queimado vivo em uma jaula por muçulmanos insanos mas, ironicamente, é moral condenar pessoas ao inferno por não participarem de minha fé.

    Devido a doentia cegueira religiosa, é que a humanidade se tornou uma presa fácil de sua própria ilusão, e de uma doença letal chamado "fé". Onde que por sua própria fragilidade é o que reflete a religião de sua própria fraqueza, e a religião nada mais é que o puro reflexo da fraqueza humana, um "esgoto aberto" em que todos estão infectados pelo exalar do mal cheiro que a mesma causa. E é nessa mesma fraqueza e ignorância é que nasceu o medo e a falsa necessidade dos sinaleiros, setas, ou GPS....para conduzir e atrair a distraída e normótica humanidade dada inteiramente a escravocracia religiosa....trilhando um "caminho" sombrio e de morte a ir para o abismo ainda mais depressa para o abatedouro. E a questão da "moral ou imoral" é o vírus instalado em seres religiosamente robotizados a viverem sob ordem da idiotice da fantasia do moralismo sóciorreligioso, que serve apenas para servir de "troféu" para o "gado" religioso, numa corrida maluca, tendo como meio de se destacarem no pódio da ignorância e da coletiva hipocrisia religiosa.

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  2. Olá, o meu link é http://realidadeblog.com (mas você sabia, pois deixou lá o comentário no blog) :) , Já coloquei o seu link no meu blog (parceria).. abraço

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    1. Olá meu amigo...boa tarde!!!

      Eu dei uma olhadinha no seu blog, e achei muito bom e bonito também. Parabéns amigo!

      Quanto a parceria agradeço de coração....tamo junto, e vamo que vamos amigo!!! rsrs

      Um forte abraço!!!

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Deixe seu comentário, será muito legal...meu muito obrigado!! Volte Sempre!!!

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