20 de fev. de 2015

Por ano, 15 milhões de gravidezes indesejadas são causadas por subutilização de métodos contraceptivos

Dos 16,7 milhões de gravidezes indesejadas que acontecem todos os anos, um estudo estima que 15 milhões poderiam ser evitadas em 35 países de baixa e média renda se as mulheres tivessem a oportunidade de usar métodos modernos de contracepção. Os dados, que se aplicariam a aproximadamente um terço da população mundial, foram publicados online na “Human Reproduction”, uma das principais revistas de medicina reprodutiva do mundo.
Os autores da pesquisa – Saverio Bellizzi, Howard L. Sobel, Hiromi Obara e Marleen Temmerman – apontam que as mulheres que engravidam sem querer nesses países podem enfrentar um futuro complicado, incluindo morte, doença, deficiência ou menores oportunidades de educação e de emprego. Além disso, muitos casos de gravidez indesejada terminam em abortos induzidos. O peso das gravidezes indesejadas é ainda maior para as pobres e menos bem-educadas.
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Os pesquisadores compararam o uso de anticoncepcionais entre 12.874 mulheres que engravidaram sem querer com 111.301 mulheres sexualmente ativas que não estavam grávidas e nem queriam engravidar – mulheres sexualmente ativas foram definidas como aquelas que haviam tido relações sexuais pelo menos uma vez no mês anterior à entrevista.
Eles coletaram as informações por meio de pesquisas demográficas e de saúde, que são padronizadas globalmente, do período de 2005 a 2012. Informações destes 35 países, que vão desde a Armênia ao Zimbábue, estavam disponíveis para análise e uma média de 96% das mulheres de 15 a 49 anos de idade elegíveis participaram do levantamento. Usando os dados, os pesquisadores calcularam as gravidezes indesejadas nos países estudados e a proporção que foi atribuída à não utilização de métodos modernos de contracepção.
Os métodos contraceptivos foram classificadas como modernos, tradicionais ou de não utilização. Os métodos modernos incluíam contraceptivos orais combinados, pílulas só com progesterona, implantes, anticoncepcionais injetáveis, dispositivos intrauterinos, preservativos masculinos e femininos, esterilização e método de amenorréia lactacional (que parte do princípio que as mulheres que amamentam exclusivamente nos primeiros meses de vida do bebê tendem a não voltar a menstruar). Os tradicionais incluíam a famosa “tabelinha” – que tem como objetivo manter as relações sexuais fora do período fértil do ciclo menstrual de uma mulher – e o ato de tirar o pênis da vagina antes da ejaculação.
As mulheres também precisavam dar a razão principal para a não utilização da contracepção:
1) Medo de efeitos colaterais/preocupações com a saúde;
2) Oposição, incluindo da mulher, de seu parceiro ou de alguma outra pessoa ou proibição religiosa;
3) Falta de conhecimento, incluindo não saber onde comprar contraceptivos ou os tipos de métodos disponíveis;
4) Motivos relacionados com o método, como custar muito ou estar muito longe de quem presta estes serviços;
5) Subestimação do risco de gravidez, incluindo o marido estar longe, sexo pouco frequente e separação conjugal;
6) Outro, incluindo o fatalismo (a ideia de que um evento é predeterminado pelo destino e, portanto, imutável).
Moderno x Tradicional x Não utilização
Eles verificaram que a utilização de métodos tradicionais de contracepção estavam associados a um aumento de 2,7 vezes no risco de uma gravidez indesejada, quando comparados com o uso de métodos modernos.
Previsivelmente, a não utilização de qualquer método foi associada com um aumento de 14,5 vezes. Estes aumentos corresponderam a um número estimado de 16,7 milhões de gestações indesejadas todos os anos em 35 países, das quais 15 milhões poderiam ter sido evitadas pelo uso correto de métodos modernos de contracepção – 13,5 milhões de mulheres que não utilizam métodos modernos e 1,5 milhões que utilizam métodos modernos de forma incorreta.
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As mais pobres e com menores níveis de educação eram as menos propensas a usar contraceptivos modernos. Entre as 14.893 mulheres que não usam contracepção e não querem engravidar, 37% justificaram a escolha alegando que têm medo de efeitos colaterais e outras preocupações com a saúde. Curiosamente, esta resposta aparece de maneira uniforme entre rendas variáveis, embora a maioria (67%) não tenha completado o ensino secundário.
A oposição aos contraceptivos foi citada por 22,4% das entrevistadas; 17,6% subestimaram o risco de gravidez e 4,8% justificaram que o custo é muito alto ou que não sabiam como obter contraceptivos modernos.
Um dos autores do estudo, Howard Sobel, coordenador regional da saúde reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente no Escritório Regional do Pacífico Ocidental da Organização Mundial de Saúde, afirma que os resultados têm muitas implicações.”Por exemplo, ‘preocupações com a saúde’ foi a razão mais comum para a não utilização de contracepção moderna, contudo essas preocupações não são apoiadas por evidências científicas”, diz.
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Para ele, é importantíssimo o papel dos profissionais de saúde na hora de tranquilizar, educar, tratar os sintomas e encontrar os métodos que melhor se adaptem a cada paciente. “Nós poderíamos evitar a esmagadora maioria das gestações se pudéssemos desmascarar os mitos e ideias erradas sobre os métodos modernos e usar métodos contraceptivos de longo prazo, tais como implantes e dispositivos intra-uterinos”.
Os cientistas apontam que “o acesso universal à saúde reprodutiva” era um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio acordados pelas Nações Unidas em 2005. “De todos os objetivos relacionados com a saúde, o acesso universal à saúde reprodutiva é o que está mais atrasado”, aponta Sobel, ressaltando que, não importa o quão caros sejam os métodos modernos de contracepção, eles ainda são muito mais baratos para famílias, governos e sociedades do que gravidezes não planejadas. [Medical Xpress]

http://hypescience.com/



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